John Textor depõe na CPI e acusa VAR, Palmeiras e cinco jogadores do São Paulo

Roque de Sá/Agência Senado

Brasília, ontem, 22 de abril de 2024, John Textor, proprietário da SAF do Botafogo, cumpriu com sua agenda em Brasília ao depor na CPI da manipulação de jogos e apostas esportivas. Durante a chegada no Senado, o norte-americano elogiou a conduta da Comissão Parlamentar de Inquérito.

O mandatário apresentou informações cruciais durante uma sessão confidencial realizada no Senado. Sua intervenção manteve viva a investigação em torno das manipulações de jogos e apostas esportivas na CPI. Parlamentares ressaltaram a relevância das evidências apresentadas, indicando que estas são suficientes para embasar novos depoimentos.

Textor foi o primeiro depoente da CPI, respondendo a convocações após declarações recentes. No início deste mês, ele afirmou ter “provas de que o Palmeiras vem sendo beneficiado por dois anos” e acusou cinco jogadores do São Paulo de manipularem uma partida contra o Palmeiras no Brasileirão do ano passado.

Após uma sessão aberta que durou mais de uma hora, com destaque para as perguntas do senador Romário (PSB-RJ) ao empresário americano, os envolvidos prosseguiram para uma reunião a portas fechadas, sem a presença de câmeras, imprensa ou celulares. Romário, cabe destacar, não pôde participar devido a questões de saúde, sendo representado por um assessor.

Durante o encontro privado, Textor compartilhou suas evidências, revelando nomes de indivíduos supostamente envolvidos em manipulações de resultados. Além disso, apresentou jogos destacados em mais de 180 páginas de relatórios da empresa francesa “Good Game!”, sugerindo possíveis influências.

As discussões foram além do papel. Textor exibiu vídeos, apontando movimentações suspeitas em lances específicos. Ele havia compartilhado essas informações anteriormente em uma reunião com Felipe Bevilacqua, vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), na última sexta-feira.

Uma das novidades apresentadas foi a análise dos lances do VAR. Textor alegou que nem tudo o que é exibido aos telespectadores e aos árbitros no monitor é 100% fiel ao que ocorreu no campo. O empresário comparou imagens e deu exemplos concretos. Este ponto foi considerado o mais impactante pelos presentes na reunião.

Ao final, Textor demonstrou satisfação com a reunião e o diálogo estabelecido. As revelações foram suficientes para manter o ímpeto das investigações, com a CPI já planejando convocar Leila Pereira, presidente do Palmeiras, e Julio Casares, presidente do São Paulo, para deporem nos próximos dias.

O que falaram os senadores?

Jorge Kajuru:


– Nós chegamos a uma conclusão simples e objetiva. Tivemos conhecimento a diversos indícios, não queremos falar em provas. Foram indícios importantíssimos. Não quero dizer que participamos de uma conversa de uma hora, teve muito conteúdo. Foi prazeroso, a gente só tem que agradecer a toda equipe, muito bem qualificada. Não se tratou apenas do CEO do Botafogo trazer indícios do Botafogo, ele mostrou outros jogos, outras imagens. Temos indícios suficientes para investigar independentemente quem nos interesse em próximas reuniões.

Carlos Portinho:


– Quero agradecer ao nosso convidado. Ele é o mensageiro e é importante que todos aqueles que nos assistem e que tenham denúncias para fazer. Há conteúdo. Me espanta como a CBF, a maior responsável pela integridade no futebol no Brasil, não foi a fundo, como o STJD, que trabalhei durante minha carreira, não foram a fundo nisso. Há elementos técnicos nisso. Há razões para investigar. O que Textor trouxe podem não ser evidências claras, já com pedidos de prisões, mas são fundamentais para preservação da integridade e para quem pense em fraudar, que desiste. Com o que nos traz a tecnologia, é imensurável. Deve ser dado crédito a todo material que foi produzido. Espero que essa CPI muitos John Textor, que venha e denuncie com conteúdo, porque iremos sem medo. Aqui nós damos credibilidade. Se você estiver 100% certo ou 100% errado, já valeu, porque sairemos daqui com melhorias para o futebol brasileiro. O que você nos traz aqui é, no mínimo, um alerta que o governo e as federações precisam se preparar rápido. Há casos de má preparação e edição do VAR, mudança do que se assiste na TV. Quero dizer a você, John Textor, e digo como torcedor de outro time, que o resultado é consequência da boa gestão financeira. O que você está fazendo com o Botafogo é exemplar e a torcida deveria ter orgulho do que o clube fez ano passado.

Hiran Gonçalves


– Eu quero agradecer a presença do John Textor e como já foi falado, as evidências são muito claras que precisamos nos abordar as investigações. Isso vai se tornar público. Quando os jogadores virem o que nós vimos ali, vão pensar duas vezes em arrumar resultados. Ficarão com a orelha em pé. Quero pedir como botafoguense que contrate dois zagueiros rápido, porque Lucas Halter e Bastos estão fazendo a gente sofrer (risos).

Eduardo Girão


– Quero cumprimentar mais uma vez o John Textor pela vinda aqui, dizer que os indícios realmente transcenderam a questão do comportamento dos jogadores, mas foram para o VAR. Temos que entender porque que aconteceu, o que a CBF tomou de providência ou não. Nós estamos aqui para proteger o futebol brasileiro, é um patrimônio do nosso povo. O advento das apostas esportivas me preocupa, eu recebo muitos torcedores que perderam e a médio prazo os clubes vão perder, porque os torcedores vão deixar de pagar. Nós temos que tomar medidas com a questão de patrocínio nas camisas, divulgação, jogadores fazendo propagandas, isso tudo gera conflito de interesse. Não podemos matar a galinha dos ovos de ouro.